Hoje mal conseguiu dormir, porque o sangue percorria com dificuldade as veias da cabeça e aquele barulho todo era insuportável. O vinho acabou muito antes da hora e todas as coisas que aconteceram a seguir foram sorrisos abortados e gozos precoces. Não havia luz nem a resposta de ninguém. Era tudo o encontro cotidiano dele consigo mesmo e com os poetas do passado, todos vagando moribundos pela metrópole adoentada, experimentando a liberdade das palavras em pequenas doses etílicas.
Antes, viravam as garrafas com pressa, mesmo com todos os relógios estragados pelo tempo. As cores chegavam com mais rigidez e envolviam os olhos dos vagabundos numa espuma tecnicolor. Era o grande revival, uma verdadeira competição de desgraças. O vencedor estava tonto, não conseguia se equilibrar no pódio. A pressão venosa do álcool fez com que todos os sonhos caíssem. Esparramados pelo chão, ninguém conseguiria recuperá-los.
domingo, 28 de setembro de 2008
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