Filosofia de carnaval. Tava passeando no Martim Cererê no último sábado, enchendo a cara, observando as pessoas, enchendo a cara, ouvindo música, fumando passivamente, enchendo a cara… Eu não sou muito bom de conta (…). Além disso, a bebida contribui decisivamente para algumas confusões mentais, mas vamos lá. Acho que uns 70% das pessoas que estavam ali usavam All Star. Sim, esse é um post sobre o All Star, aquele tênis pop vendido em qualquer loja de calçados por uns 70 reais.
Quem já viu um comercial na tv ou anúncio de jornal do All Star? Putz, ninguém? Pois é. E o tênis nem tem um esquema anatômico de conforto igual aqueles dos comerciais do Luciano Huck... Deve usar a mesma tecnologia há uns 50 anos (não que isso faça diferença)... Então, motherfuck!, se não tem propaganda e não tem essas tecnologias chinfrins dos Olympikus da vida, o que explica a sobrevivência dessa moda quase secular no Brasil e nos sete cantos do planeta???
Identificação de uma tribo poderia ser a resposta. Ou não, se você observar que desde punks a patricinhas usam All Star. Até o reitor da universidade da novela das nove* da Globo!!! All Star é o negócio do século. O gênio que inventou esse modelo era um jogador de basquete, Chuck Taylor. Ele criou o ícone mais pop art da história, deixando no chinelo (ou no tênis, haeohaeohao) qualquer obra desmiolada de Andy Warhol ou coisa parecida.
Chuck Taylor é aquele cara da etiquetinha que vem na caixa de seu recém-adquirido Converse All Star. Ele é o responsável pela sensação mais inexplicável de todas, que é como um tênis simples e tão comum pode dar tanto prazer a quem o usa. Na manhã do último sábado, comprei mais um All Star. Daquele novo novo-modelo. Novo entre aspas, hehehe... Mas e a satisfação? Nenhum Nike ou Adidas do mundo pode oferecer igual…
Estou me recordando agora de uma cena de Eu, Robô, quando Will Smith, em 2035, abre uma caixa antiga do tênis e sai humilhando todos os cidadãos futuristas e caretas que não tinham All Star! O filme poderia ter provocado outra paranóia em mim: no futuro não teremos All Star? Teremos que nos tornar contrabandistas??? Mas do jeito que as coisas andam, não sei, não… Já até imagino o Martim Cererê de 2035, cheio de estrelinhas por todos os lados...
*acho que na época que escrevi esse texto, a novela era Duas caras e o reitor gay da novela era interpretado pelo José Wilker, e não lembro direito, mas parece que usava uns All Star roxos ou rosas, haoehaoehoao
P.S 1: a foto do post é uma cena do filme Maria Antonieta, quando a Sofia Coppola coloca um All Star no cenário do filme que se passa no século 18... cool!!!
P.S 2: publiquei esse texto num dos meus incontáveis blogs falecidos, e achei massa republicá-lo, com algumas alterações, depois que gansei, no orkut do Péricles, que tinha uma repórter querendo fazer uma matéria sobre o uso do All Star e realmente esse é um tema massa o/
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
domingo, 19 de outubro de 2008
Sounds of the past
Dias atrás, abri a caixa de discos antigos e o efeito daquelas músicas do passado foi um tanto indolor e, por algum tempo, anestésico. Eu estava com preguiça de pensar o passado, de buscar todas essas lembranças que continuam vivas, mas estrategicamente arquivadas na mente. Só que ouvir a mesma música de quando tinha 12, 13 anos não é um acontecimento tão insignificante assim... A verdade é que nunca consigo aceitar bem todas as mudanças e algumas vezes desejo ter corpo e sentimentos de criança novamente, sem todas as descobertas e exercícios dramáticos do crescimento humano, sem as novas interpretações para as letras que antes eram só melodias, e mais um monte de coisas que antes não queriam dizer nada e agora talvez signifiquem menos ainda. Na maioria das vezes, tudo isso termina com uma pergunta meio deslocada. Quanto tempo é uma vida inteira? Daí eu me lembro que você se diz imortal com tanta propriedade que eu acabo acreditando nessa resposta. Going back to good...
juno
Curti Juno e seu estilo “junkie com responsabilidade”. É legal como o filme trata de assuntos sérios e coisas complexas quase num tom de brincadeira juvenil... Talvez devêssemos encarar todos os problemas da vida desse jeito, ao som de Belle & Sebastian e conversas! Tudo se resolve mais fácil, tão simples* como um parto natural, onde a dor é ao mesmo tempo maior e mais efêmera. O filme também me lembrou a questão do aborto, que aliás, mesmo após horas e horas de discussões acaloradas com a Marcela, ainda não tenho um posicionamento real. Talvez seja como ela mesma diz – só sendo mulher pra saber...
Mas o fato aqui é que os bebês têm unhas e foi melhor esse da história ter mesmo nascido... Ele mudou a vida de todos os personagens, o que já é muito mais vantajoso que jogar fora e fingir que nada aconteceu. Talvez a vida coloque obstáculos na estrada pra que a gente simplesmente compreenda melhor depois que a chuva passar (é, tô ouvindo I can see clearly now, hoaehoaheo). Fugir é o caminho mais curto e fácil, mas nem sempre o melhor.
*sei que as mulheres podem protestar pelo uso da palavra “simples”, imagino que qualquer parto não é uma coisa lá muito fácil, mas o normal me parece ser mais “simples” que algo que envolva cirurgia e bisturis ;)
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
efêmero
sábado, 4 de outubro de 2008
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Crise
Sinto desmanchar o nosso poema em sua boca
A cada palavra que ouço,
vejo o sabor do seu corpo escorrer
por minhas mãos sujas
Estou vivendo a crise do amor.
O cheiro que você deixa me mantém acordado
e os gemidos da sua alma
não são tantos mais que o meu desejo desesperado.
Estou vivendo uma crise de amor.
A cada palavra que ouço,
vejo o sabor do seu corpo escorrer
por minhas mãos sujas
Estou vivendo a crise do amor.
O cheiro que você deixa me mantém acordado
e os gemidos da sua alma
não são tantos mais que o meu desejo desesperado.
Estou vivendo uma crise de amor.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
evening (ao entardecer)
Evening é um filme cruel: mostra Ann Grant (Claire Danes, linda) vivendo a plenitude de uma juventude promissora e, anos depois, a prorrogação de uma morte anunciada (nessa fase, interpretada por Vanessa Redgrave – o elenco é cheio de grandes nomes). Os cortes temporais revelam uma senhora doente em estado terminal arrependida pela forma como conduziu sua vida. Ela se lamenta por não ter ido velejar, por não ter enfrentado tudo e todos, por não ter se dedicado ao verdadeiro amor, e assim, com movimentos fracos e respiração difícil, descobre que ninguém tem todo o tempo do mundo.
O filme é cruel justamente por mostrar que só temos uma chance de dizer as coisas que queremos dizer, e se arrepender anos depois é um caminho sem volta. A mensagem é assim: sonhe, viaje, converse, ame, escreva, trabalhe, divirta-se, right now, porque no fim da vida fazer tudo isso será um esforço ambicioso demais. Mesmo aparecendo pouco, Meryl Streep acrescenta muito ao filme, e sua filha, Mamie Gummer, prova ser tão talentosa quanto a mãe, interpretando a personagem de Streep quando jovem. Fica a impressão de que o peso do passado, misturado ao sentimento de não ter traçado os caminhos certos, deixa cicatrizes incuráveis, e talvez beber seja a última esperança.
Gurupi’s ideas
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