domingo, 9 de novembro de 2008

A trilha louca do poeta

O amor é o prazer mais egoísta. Ela me diz para não pensar em como as coisas poderiam ser, mas em como todas as coisas foram e serão. Este é seu conselho, de tudo ainda restou você, nostálgico de um passado que não aconteceu. Nada jamais existiu senão a crença de um sentimento jogado fora. Toda aquela dor era uma leitura errada da verdade.

Vai doer mesmo. Todas as coisas serão chatas, tudo vai soltar um cheiro forte de merda ou vômito. Essa dor é suja, é quase mortal num buraco qualquer. Você agora ouve o mundo com uns ruídos vermelhos que incomodam e sangram, mas isso também é necessário. Todo o sofrimento do mundo ainda é pouco. Precisa-se de mais um tanto, para acabar de diluir tudo num choro raso baixinho que se escuta por aí.

Chegará um dia em que você simplesmente não sentirá mais isso e quase sem perceber vai tomar o café como costumava fazer antes, como se nada nunca tivesse deslocado a atenção das coisas, como se o mundo inteiro fosse dormir e você acordar. E esse gosto amargo você não vai mais esquecer: café sem açúcar, que quando acaba a gente pensa que nunca existiu.

Um comentário:

MarceLa Guimarães. disse...

Na verdade, eu gosto mais dessa parte:

"Você podia ao menos me contar
Uma história romântica..."