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Agora com équio!
domingo, 15 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Agora e depois
Duas das mais belas metáforas que já escutei têm relação com o tempo e a noção humana de passado, presente e futuro. Belchior escreveu, em Velha roupa colorida, canção magistralmente eternizada por Elis Regina, o seguinte verso: “o passado é uma roupa que não nos serve mais”. E Toquinho canta na versão em português de Aquarela: “o futuro é uma astronave que tentamos pilotar, / Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar”.
Tenho pensado muito nessas duas músicas ultimamente, muito por causa da reflexão provocada pelo filme O Curioso Caso de Benjamin Button. No filme, Brad Pitt interpreta o personagem que, sem explicação científica, nasce com o peso da idade nos ombros, sofrendo de catarata e artrose, e milagrosamente vai rejuvenescendo com o passar dos anos. Por causa dessa peculiaridade, ele vê o tempo de todos à sua volta correr na direção contrária de seu desenvolvimento e acaba por tomar outra noção da morte e da possibilidade de perder seus entes queridos.
A possibilidade de um relógio ao contrário é capaz de atiçar o desejo louco de todo ser humano regressar. Porque a todo momento estamos com saudade de nosso passado, de nossa aparência anterior, de nosso corpo jovial, de nossas experiências juvenis. Não conseguimos frear o tempo, e isso é tão frustrante como não poder voar ou teleportar – outros velhos sonhos inalcançáveis da humanidade.
Ao mesmo tempo, temos vontade de avançar, de conhecer o futuro e adiantar as coisas, pular as etapas, sem perceber que assim estamos indo mais rápido em direção ao final. Mas seguimos mesmo assim, nunca satisfeitos com o agora, apenas lembrando do que já se passou ou sonhando com o que um dia vai acontecer. De um jeito meio torto, Benjamin Button nos ensina a viver cada dia, encarar cada próximo minuto como algo que não estava necessariamente previsto, uma sorte, uma nova oportunidade.
O tempo é matéria-prima freqüente das divagações dos artistas e filósofos. Uma das belezas do cinema brasileiro recente, o filme Lavoura Arcaica, que o diretor Luiz Fernando Carvalho adaptou da obra de Raduan Nassar, toma o tempo como a égide da espera e do ciclo natural, do vai-e-vem infinito. O tempo que aumenta e dimensiona os sentimentos, o tempo que dá e que toma. No livro, o escritor paulista diz: “O tempo, o tempo é versátil, o tempo faz diabruras, o tempo brincava comigo, o tempo se espreguiçava provocadoramente, era um tempo só de esperas”.
Nessa de pensar sobre o tempo, também me lembrei de uma frase de impacto que muitas pessoas usam no perfil do orkut, e que na internet está creditada ao poeta Jonh Lennon. “A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro”. Um futuro que como bem disse Toquinho, não marcou horário, e quem sabe pode demorar de propósito, só para dar um tempinho extra para você poder curtir o momento, agora. Então, Carpe diem! Ou vai continuar esperando?
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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Aos companheiros de viagem
Viajar é um dos grandes prazeres da vida. Conhecer um lugar diferente do cenário do seu cotidiano; conversar com pessoas com as quais provavelmente você nunca mais vai falar outra vez; observar costumes curiosos e tradições peculiares... Sem dúvida, viajar enriquece seu caminho e transforma seu ponto de vista. Uma viagem bem aproveitada é capaz de modificar a sua vida e te fazer uma pessoa melhor.
Muito disso acontece por causa dos seus companheiros de viagem, dos amigos que passa a conhecer melhor quando vocês estão a centenas de quilômetros de casa. E você enxerga nos seus parceiros as mesmas reações e surpresas da descoberta de um mundo novo, de um lugar estranho onde apenas vocês compartilham de uma mesma origem e de uma mesma cultura.
Aos meus companheiros de viagem, às pessoas que embarcaram comigo numa excursão ao mesmo tempo introspectiva e aberta, deixo aqui meu sentimento de saudade daqueles dias num lugar quente da porra, ironicamente batizado de Caixa d'Água, onde podíamos nos medicar na Farmácia dos Remédios e comer pão com ovo na padaria do Pau Miúdo. Muito obrigado por terem me acompanhado na inesquecível viagem por esse país chamado Bahia, dentro desse grande universo chamado Brasil.
Por fim, um conselho (ouvi esses dias no rádio): você ainda não foi à Bahia? Pois então vá!
Registro soteropolitano
Salvador é a metrópole que sintetiza os contrates da América Latina. De um lado, a orla circulada de beleza, as praias abarrotadas de calor e os hotéis de luxo que esperam os turistas ansiosos por uma temporada tipicamente tropical. Do outro, o aspecto B da cidade, os becos tortuosos, as ladeiras de difícil percurso e os sobradinhos coloridos, amontoados uns sobre os outros numa mágica que desafia a gravidade e a engenharia. É uma cidade única, que captura e reflete a alma do povo brasileiro como nenhuma outra deste imenso país.
A Bahia é a História que grita em cada gueto. Começa no mar do indo e vindo infinito, mas não se sabe ao certo aonde termina. O passado, do Novo Mundo, e o presente, sujo e desgastado pela maresia, se espalham de norte a sul do Brasil e há um pouco de Bahia em tudo o que somos e em tudo o que desejamos ser. Lá, todos se sentem em casa, de alguma forma refrescados pelo calor de um povo que não tem vergonha de distribuir o orgulho tupiniquim em sorrisos e simpatia.
Viajar à Bahia é a oportunidade de respirar uma cultura rica e guerreira. Afinal, é a terra de Caetano Veloso, Glauber Rocha, Raul Seixas, Jorge Amado, João Gilberto, Dorival Caymmi, dentre tantos outros nomes que contribuíram essencialmente para a construção de algo maior a que chamamos cultura brasileira. Para mim, o valor de viajar pelo Brasil é ter a chance de se descobrir mais e mais impregnado de uma vontade incontrolável de dizer aos quatro cantos do mundo como é maravilhoso viver nesse lugar. Definitivamente, o molho da baiana melhorou meu prato.
A Bahia é a História que grita em cada gueto. Começa no mar do indo e vindo infinito, mas não se sabe ao certo aonde termina. O passado, do Novo Mundo, e o presente, sujo e desgastado pela maresia, se espalham de norte a sul do Brasil e há um pouco de Bahia em tudo o que somos e em tudo o que desejamos ser. Lá, todos se sentem em casa, de alguma forma refrescados pelo calor de um povo que não tem vergonha de distribuir o orgulho tupiniquim em sorrisos e simpatia.
Viajar à Bahia é a oportunidade de respirar uma cultura rica e guerreira. Afinal, é a terra de Caetano Veloso, Glauber Rocha, Raul Seixas, Jorge Amado, João Gilberto, Dorival Caymmi, dentre tantos outros nomes que contribuíram essencialmente para a construção de algo maior a que chamamos cultura brasileira. Para mim, o valor de viajar pelo Brasil é ter a chance de se descobrir mais e mais impregnado de uma vontade incontrolável de dizer aos quatro cantos do mundo como é maravilhoso viver nesse lugar. Definitivamente, o molho da baiana melhorou meu prato.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
the road waits me
Queridos amigos, com esse belíssimo poema de Sylvia Plath o blog entra em recesso até o mês que vem... Quinta-feira estou embarcando pra Salvador, quem sabe pra experimentar a poesia na prática! A estrada, viajar com os amigos, os sabores de um lugar desconhecido, pessoas que vou conhecer e que nunca vão sair da minha memória... acho que essa viagem promete! Quando voltar, terei muita história pra contar! Então, até lá!
CANÇÃO DE AMOR DA JOVEM LOUCA
Sylvia Plath
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)
Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para
a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo
do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com
estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente)
CANÇÃO DE AMOR DA JOVEM LOUCA
Sylvia Plath
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)
Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para
a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo
do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com
estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente)
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
lost in space
Fiz no banheiro, deixando uma trilha nada econômica de sangue, porque não consegui cortar os pulsos definitivamente. Afinal, não se ensinam manuais de suicídio na escola.
Eu não sou uma mente perturbada, apenas o ar está um pouco carregado além da conta. Você já notou como faz sentido o canto dos pássaros e o barulho dos carros nas primeiras horas de céu azul?
É uma sinfonia. Da agonia do dia que acaba de nascer. Natimorto.
Tenho passado assim os meus minutos, à procura de algum livro ou filme que me satisfaça ou de alguma idéia que me alimente. Morrer não dói. Viver não dói. Pensar é a dor maior.
At the end of the day, nada é pra sempre e vice-versa.
p.s. não se preocupem, eu não tentei me matar. são tudo ficções.
1min46s
Os olhos se enganam, o tato se confunde, as palavras se esgotam. Ele sente intensamente o atrito dos pêlos finos de seu braço nos seios volumosos e firmes dela; os dois corpos inteiramente molhados de calor, desesperados por algum sinal de chuva que refresque por antecedência.
Aquela cama poderia abrigar todos os sentimentos do mundo, mas egoístas eles a mantêm somente para si. Ela só consegue gritar ruídos em alguma língua desconhecida, mas a falta de tradução não é problema para ele.
Um minuto e 46 segundos depois, no meio de todo o cheiro de gozo fresco, eles param um no outro, para enfim, diante da ausência de qualquer um dos sentidos, entender o significado de morrer de amor.
Aquela cama poderia abrigar todos os sentimentos do mundo, mas egoístas eles a mantêm somente para si. Ela só consegue gritar ruídos em alguma língua desconhecida, mas a falta de tradução não é problema para ele.
Um minuto e 46 segundos depois, no meio de todo o cheiro de gozo fresco, eles param um no outro, para enfim, diante da ausência de qualquer um dos sentidos, entender o significado de morrer de amor.
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