sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Registro soteropolitano

Salvador é a metrópole que sintetiza os contrates da América Latina. De um lado, a orla circulada de beleza, as praias abarrotadas de calor e os hotéis de luxo que esperam os turistas ansiosos por uma temporada tipicamente tropical. Do outro, o aspecto B da cidade, os becos tortuosos, as ladeiras de difícil percurso e os sobradinhos coloridos, amontoados uns sobre os outros numa mágica que desafia a gravidade e a engenharia. É uma cidade única, que captura e reflete a alma do povo brasileiro como nenhuma outra deste imenso país.

A Bahia é a História que grita em cada gueto. Começa no mar do indo e vindo infinito, mas não se sabe ao certo aonde termina. O passado, do Novo Mundo, e o presente, sujo e desgastado pela maresia, se espalham de norte a sul do Brasil e há um pouco de Bahia em tudo o que somos e em tudo o que desejamos ser. Lá, todos se sentem em casa, de alguma forma refrescados pelo calor de um povo que não tem vergonha de distribuir o orgulho tupiniquim em sorrisos e simpatia.

Viajar à Bahia é a oportunidade de respirar uma cultura rica e guerreira. Afinal, é a terra de Caetano Veloso, Glauber Rocha, Raul Seixas, Jorge Amado, João Gilberto, Dorival Caymmi, dentre tantos outros nomes que contribuíram essencialmente para a construção de algo maior a que chamamos cultura brasileira. Para mim, o valor de viajar pelo Brasil é ter a chance de se descobrir mais e mais impregnado de uma vontade incontrolável de dizer aos quatro cantos do mundo como é maravilhoso viver nesse lugar. Definitivamente, o molho da baiana melhorou meu prato.

Um comentário:

Unknown disse...

ah, Salvador me ensinou muito! faço minhas as palavras de Marco Polo (personagem do livro 'as cidades invisíveis, de italo calvino):

"Ao chegar a uma nova cidade,o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos."

"- Eu falo, falo - diz Marco, - mas quem me ouve retém somente as palavras que deseja. Uma é a descrição do mundo à qual você empresta a sua bondosa atenção, a outra é a que correrá os campanários de descarregadorses e gondoleiros às margens do canal diante da minha casa no dia do meu retorno (...) Quem comanda a narração não é a voz: é o ouvido."

é isso que to lendo, e realmente se encaixou muito com 'as cidades' de Salvador, pq pra mim, aquele lugar nao pode ser visto em unidade...