terça-feira, 30 de dezembro de 2008

10 coisas legais sobre 2008

Minha afilhada reclamou que eu nunca respondo os memes que ela me envia... Mas dessa vez pensei na lista que ela publicou no blog e decidi fazer algo parecido. 2008 foi um ano mara, acho que merece algum registro. Então vamos lá:

1. stress, aspirinas e urubus – com certeza a experiência de ver o festival Matéria-Prima dando certo (depois de muita correria e canseira) foi uma coisa mágica em 2008, e pensar que tudo aquilo surgiu de uma conversa despretensiosa entre amigos...

2. on the radio – esse ano tive que me despedir do lugar que me fez gostar do que eu gosto de fazer (a rádio universitária), mas antes me diverti e me estressei bastante na monitoria do Jornal das Seis, e acima de tudo conheci pessoas fantásticas com as quais seria maravilhoso trabalhar o resto da vida, e principalmente fiz grandes amigos lá!

3. o álcool aproxima as pessoas – foi um dos anos mais boêmios da minha vida, certamente! Mas mais do que me embebedar em mesas de vários (e bota vários nisso) bares de Goiânia, o importante foi conhecer pessoas incríveis e travar conversas empolgantes que com certeza não existiriam entre pessoas sóbrias...

4. uma mudança em casa – foi uma época de aproximação com a minha família... é claro que ainda existem muitas diferenças que precisam ser respeitadas e compreendidas, mas definitivamente descobri (e acho que já descobri tarde – mas antes tarde do que nunca) que não consigo viver sem eles!

5. tudo na vida é uma metáfora? – nem o mestre Pablo Neruda conseguiu responder essa pergunta imediatamente... foi um ano de muita poesia na minha vida e utilizei muito desse combustível que é capaz de fazer os sonhos se tornarem inesgotáveis e as sensações, latentes. Foram boas horas de leituras de Rimbaud, Manuel Bandeira, Neruda, Carlos Drummond, Bukowski, Bolaño, T.S. Eliot, Vinicius de Moraes, Fernando Pessoa, Manuel de Freitas e Garcia Lorca... já começo a imaginar o que me espera pra 2009!

6. “nothing is gonna change my world” – porque The Beatles é The Beatles, e nunca me canso de escutar!

7. “Era uma coisa sua que ficou em mim (que não tem fim)” – foi muito importante esse ano me reaproximar de alguns antigos amigos que estavam afastados, e descobrir que uma vez que se teve uma amizade sincera, nem o tempo ou a distância conseguem mudar as coisas.

8. 5 perdidos no planalto central – a viagem pra Brasília foi incrível porque é muito bom ver as coisas fugindo dos planos e tomando outro rumo... mara!

9. caninos loucos 2 – participar do segundo Perro Loco também foi outra daquelas experiências que te acrescentam muito... a única coisa paia foi não ter conseguido encher mais a cara (se bem que talvez isso tenha sido bom, ahoehaoehoahoe)

10. elemento surpresa – e é claro, pra finalizar, tem sempre o fator X, aquela coisa que você não sabe definir muito bem o que é, mas que te faz achar cada ano melhor que o outro e te dá vontade de seguir em frente sem desistir nos obstáculos seguintes... e que venha 2009! Feliz ano novo pra todo mundo!

Indico esse meme pra Marcela, pra Cindy, pra Thais e pro Vandré. Então, a gente se fala depois da virada!

domingo, 28 de dezembro de 2008

mensagem para o ano novo...

“(...) é isso o que você deve fazer: Amar a terra e o sol e os animais, desdenhar as riquezas, dar esmolas a todos que pedirem, defender os dementes e os loucos, dedicar sua renda e trabalho aos outros, odiar os tiranos, não discutir sobre Deus, ter paciência e indulgência com as pessoas, não tirar o chapéu para o que é conhecido ou o que é desconhecido nem a nenhum homem ou grupo de homens, acompanhar livremente as poderosas pessoas analfabetas e os jovens e as mães de família, ler estas folhas ao ar livre em todas as estações de todos os anos de sua vida, examinar de novo tudo que foi dito na escola ou na igreja ou em qualquer livro, rejeitar tudo que insulte sua própria alma, e sua própria carne será um grande poema e terá a fluência mais rica não só na forma de palavras mas nas linhas silenciosas de seus lábios e rosto e entre os cílios de seus olhos e em toda junta e todo movimento de seu corpo... O poeta não vai gastar tempo com trabalho desnecessário. Ele sabe que o solo está sempre pronto e arado e adubado... outros podem não saber mas ele sabe. Ele vai direto à criação. O maior poeta não moraliza nem dá lições de moral... ele conhece a alma. A alma tem aquele orgulho ilimitado que consiste em jamais reconhecer qualquer lição que não seja a sua. O maior poeta não possui tanto um estilo marcante e é mais um canal de pensamentos e de coisas sem acréscimo nem diminuição, e é o canal livre de si mesmo”

Walt Whitman,
Folhas de Relva

sábado, 20 de dezembro de 2008

Que pescar que nada


“Que pescar que nada
Vou beijar na boca”


Bruno e Marrone


Os dois viviam na região mais sertaneja do maior país do mundo, e sempre era frio. Não foram pagos para se divertir, mas quem gosta de regras? E tudo aquilo foi seguido de um choro meio vomitado, socos na parede, alguma sensação de ser nada em lugar nenhum, apenas uma história apertada no peito, carregada por duas pessoas sempre caladas...

Agora, ele precisava se contentar em jogar, levemente, as bolas de neve na cabeça de sua mulher. Se estivesse com Jack, estariam travando uma verdadeira luta, ambos emaranhados no chão, briga séria. Ele vira a mulher na cama procurando qual lembrança?

E assim viveram por muitos anos, pescando todos os peixes do mundo madrugada adentro, se tocando em pensamento, sempre querendo a segurança e a certeza de que está tudo bem, de que tudo aquilo ficará entre os dois, entre quatro paredes e uma montanha.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Both Sides, Now

A poesia de Joni Mitchell consegue tocar a minha pele e confundir os meus sentidos...


Both Sides, Now
by Joni Mitchell

Rows and flows of angel hair
And ice cream castles in the air
And feather canyons everywhere
I've looked at clouds that way

But now they only block the sun
They rain and snow on everyone
So many things I would have done
But clouds got in my way
I've looked at clouds from both sides now

From up and down, and still somehow
It's cloud illusions I recall
I really don't know clouds at all

Moons and Junes and Ferris wheels
The dizzy dancing way you feel
As ev'ry fairy tale comes real
I've looked at love that way

But now it's just another show
You leave 'em laughing when you go
And if you care, don't let them know
Don't give yourself away

I've looked at love from both sides now
From give and take, and still somehow
It's love's illusions I recall
I really don't know love at all

Tears and fears and feeling proud
To say "I love you" right out loud
Dreams and schemes and circus crowds
I've looked at life that way

But now old friends are acting strange
They shake their heads, they say I've changed
Well something's lost, but something's gained
In living every day

I've looked at life from both sides now
From win and lose and still somehow
It's life's illusions I recall
I really don't know life at all
I've looked at life from both sides now
From up and down, and still somehow
It's life's illusions I recall
I really don't know life at all


sábado, 6 de dezembro de 2008

“Havia achado, sempre, que morrer de amor não era outra coisa além de uma licença poética. Naquela tarde, de regresso para casa outra vez, sem o gato e sem ela, comprovei que não apenas era possível, mas que eu mesmo, velho e sem ninguém, estava morrendo de amor. E também percebi que era válida a verdade contrária: não trocaria por nada neste mundo as delícias do meu desassossego. Havia perdido mais de quinze anos tratando de traduzir os cantos de Leopardi, e só naquela tarde os senti a fundo: Ai de mim, se for amor, como atormenta.”

Gabriel García Márquez,
Memoria de mis putas tristes

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Não me lembro.

Já fazia um tempo que eu não andava de bicicleta por aí, mas como a sensação de descer a avenida Anhanguera embalado pelo vento ainda é inigualável! E de repente você se sente como um simples pedaço de história que experimenta a brisa passar pelos cabelos e não consegue parar, é como se o freio quebrasse e nada nem ninguém conseguisse fazer você andar mais devagar.

A chuva já parou. Mas nunca os primeiros erros vão parar de acontecer, a todo momento, e a sensação do vento correndo na direção contrária é algo meio que um relance, um breve sussurro que de tão baixo vai sem nem deixar marcas. Mas tudo na vida é uma cicatriz de henna, que parece permanente e vai sumindo com o tempo. Já não tenho dúvida: preciso manter todos esses fantasmas aqui dentro de mim, pra ter companhia quando sozinho.